CHORO
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O choro se manifesta por uma série de inspirações e expirações mais ou menos ruidosas, provocadas por uma contração espasmódica do diafragma.
Os soluços podem ser afônicos ou acompanhados de sons graves e agudos, emitidos em diversas vogais, às vezes cortam a frase, outras vezes cortam ou prolongam palavras.
O desespero do Rei Lear, de Shakespeare, expresso nas palavras que pronuncia entre soluços quando, tendo nos braços a filha morta, cai também morto sobre o seu corpo, é um bom exemplo para um exercício.
Oh! Urrai, gritai, vociferai homens de pedra!
Não vedes que Cordélia é morta?
Se eu fosse um homem forte como vós, se tivesse os vossos olhos e as vossas gargantas, choraria e gritaria tanto, que a abóbada do céu haveria de estalar!...
Cordélia! Cordélia! Morta!!!
Partiu para sempre! Para sempre!
Ah! A sua voz era cariciosa, doce, meiga!...
Oh! Minha pobre inocente!
Não tens mais existência!
Um cão vive! Um cavalo vive! Um rato vive!
E tu não vives!
E não voltarás nunca mais, nunca mais!
Cordélia!
Oh! Vede! Contemplai-a, e vede esses olhos, essa boca, esta fronte, esta ... (morre).
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