domingo, 31 de agosto de 2008

MAPEAMENTO DE TEATRO DE ANIMAÇÃO – BRASIL

Quem ainda não se inscreveu aí vai o link e os 80 grupos que já estão na lista peço que divulguem para que possamos atualizar e aumentar as informações do Mapeamento.

MAPEAMENTO DE TEATRO DE ANIMAÇÃO – BRASIL

A Cooperativa Paulista de Teatro mantém em seu portal um "Mapeamento de Teatro de Animação" com o intuito de mensurar essa linguagem teatral, os grupos, profissionais e técnicas. Além de se tornar um importante documento de registro do "Teatro de Animação", o resultado desse mapeamento estará a disposição das organizações de festivais, mostras e instituições que desejarem ter conhecimento sobre os profissionais que atuam na área.

Para inscrever-se acesse:

http://www.cooperativadeteatro.com.br/portal/articles.php?id=121

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

II Encontro de Cenas Curta - São Paulo


“Evento Gratuito”
Os grupos de teatro de animação da Cooperativa Paulista de Teatro realizarão o II Encontro de Cenas Curtas, que acontecerá no dia 22 de Agosto das 18h às 22h, na biblioteca Monteiro Lobato fica na rua General Jardim, 485 (Vila Buarque - São Paulo, SP)

Com o apoio do “Centro de Estudos e Práticas do Teatro de Animação”.

A idéia é ampliar o espaço para debates a respeito dos processos de criação e das técnicas utilizadas pelas companhias, com o intuito de fortalecer a troca de experiências e suas linguagens; o último debate será com profissional convidado que apresentará um panorama do encontro, confrontando com pesquisas e processos.

Programação

Abertura:

Luis Calvo da Cia Quase Cinema ( mestre de cerimônia)

Grupos:

J.E. Tico e Seus Fantoches (Ventriloquia)

Danilo e seus Mamulengos

Mão na Luva

Metamorfaces - Hugo Marambio

Valdek de Garanhuns ( Mamulengo)

Enceramento:

Luiz André Cherubini do Grupo Sobrevento que fará um apanhado do encontro, analisando alguns aspectos das cenas apresentadas e, falando de uma forma geral do momento do teatro de animação hoje, em São Paulo.

Realização:

Grupo Independente de Teatro de Animação de São Paulo

Apoio:

Cooperativa Paulista de Teatro, Cia Truks e Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo

Coordenação e Produção do evento :

Gim - Cia Infantocata e Luis Calvo - Cia Quase Cinema.

Local:

Biblioteca Municipal Monteiro Lobato

Rua Gen. Jardim, 485 Santa Cecília SP

Fone (11) 37217661 (11) 85082665 - Gim

INSCRIÇÃO - PRÓXIMO EVENTO

III Encontro de Cenas Curtas - Inscrições até o dia 10/9
Data de Realização – Dia 26 de Setembro das 18h às 22h

Profissional convidado: Ana Maria Amaral – Grupo O’Casulo
A/C: Luiz Calvo: calvomelo@gmail.com

sábado, 9 de agosto de 2008

10 anos do Jornal Quixote - Paraná


1º Movimento de Teatro de Grupo de Curitiba - Paraná

A Companhia Silenciosa integra o 1. Movimento de Teatro de Grupo de Curitiba e apresenta:

Salmon Nela
De Giorgia Conceição

Este ser já não me pertence. É do mundo, está imerso no mundo, repleto de mundo. O mundo interpenetra e penetra este corpo: sem identidade, sem foco, puro ímpeto multidirecional. Um corpo que cai. Vertigo, baby.
La forma que se despliega.


Léo Glück Live In Moscow
De Léo Glück

Trago em mim um gênero modificado e modificante. Um sexo inerentemente mutante. Gosto de ser composta pelos olhos e insuflada pela mente. Não admito o fardo, a demente incumbência da perpetuação da espécie.
Tudo aquilo que é, ou pretende ser, perpétuo deve ser banido.


Dia 09 de agosto de 2008, das 10 às 22h.
Local: ACT – Ateliê de Criação Teatral (Rua Paulo Graeser Sobrinho, 305).
Fone: (41)3338-0450.

1º Movimento de Teatro de Grupo de Curitiba

Doze horas, doze grupos e um objetivo comum: aprofundar a discussão sobre o fazer teatral em Curitiba, tendo como ponto de referência o trabalho de pesquisa continuada. Reunidos há quase dois anos, discutindo sobre mecanismos de criação e produção na contramão do mercado, os integrantes promovem uma ação artística inédita na cidade, o 1º Movimento de Teatro de Grupo de Curitiba.

Unidos por esse ideal, a iniciativa sublinha a importância de uma ação como essa para os grupos de pesquisa em teatro. A programação com 12 horas de duração, mostrará um pouco do trabalho de cada companhia através de cenas, mostras de processo, pré-estréias, performances, leituras dramáticas, estudos e demonstrações de técnicas de trabalho, vídeos, etc...

Nena Inoue, coordenadora geral do ACT, onde acontecerá o 1.o Movimento, considera que esta ação é um exercício de compartilhamento artístico e político dos coletivos de teatro, fortalecendo, entre outras, a importância de ações independentes e dos espaços que abrigam programações não mercadológicas. Para Márcia Moraes, produtora e integrante da CiaSenhas de Teatro, integrar o movimento é uma necessidade de fortalecer um segmento da arte teatral, caracterizado por um modo de produção continuado e conseqüente, que propõe novas relações entre o artista, arte, o público e a cidade.

Embora existam em Curitiba outros núcleos de pesquisa teatral este é o primeiro passo independente no compartilhamento de trabalhos dos grupos. A diretora de produção da Companhia Brasileira de Teatro, Giovana Soar, explica que durante muito tempo os grupos ficaram sem trocar e a partir dessas doze companhias outras poderão vir a integrar o movimento.

A programação terá início com uma conversa com Dorberto Carvalho,diretor de teatro, co-autor de Iná Camargo no livro sobre a Lei do Fomento de SP, e que estará no ACT falando sobre políticas públicas de cultura e seu decorrente desenvolvimento artístico. A exemplo de São Paulo, onde a Lei de Fomento ao Teatro é uma realidade oriunda da classe artística paulista, os grupos da cena local querem seguir o mesmo caminho. Ciliane Vendruscolo, atriz e produtora da Cia Provisória define como fundamental a importância desse tipo de discussão, pois dessa forma oportuniza-se a criação de mecanismos que assegurem a existência da pesquisa de linguagem artística.

O que é importante do movimento, segundo Andrei Moscheto, diretor do grupo Antropofocus™, é que ele não é um movimento anarquista e antagônico as legislaturas. Não tem o objetivo de fazer campanha contra órgãos governamentais e sim buscar um diálogo aberto sobre as possibilidades para produção cultural. Para o ator e produtor da Obragem Teatro e Cia, Eduardo Giacomini, trata-se de um encontro dos pesquisadores da área de teatro para discutir a formação da arte através de políticas públicas para a manutenção das companhias.

Além desse encontro entre a própria classe artística a expectativa dos representantes de cada um dos dozes grupos é que esse seja um espaço de discussão estética no qual o público tenha contato com a produção de teatro de grupo da cidade, é o que espera Giorgia Conceição, diretora da Companhia Silenciosa. “Esperamos poder conversar com as pessoas que irão ao evento sobre essas questões artísticas, diminuindo a distância entre arte e vida. Para nós, é uma ação na esfera micropolitica que, através do encontro de pessoas, pode gerar novos territórios pelos quais possamos transitar juntos”, explica Giorgia.

Extrapolar os limites do teatro também é um objetivo futuro do movimento. Entra na questão da identidade cultural da cidade. Para Paulo Biscaia, diretor da Vigor Mortis, todas essas companhias estão unidas para trazer atenção para elas e para solidificar valores da identidade cultural da cidade.

A articulação que resultou na criação do movimento começou há dois anos, mas para Diego Fortes, diretor da A Armadilha Cia de Teatro é nesse momento que existe uma maturidade das pessoas envolvidas, do que elas querem e pretendem melhorar na cena teatral curitibana. Nesse sentido, Mauro Zanatta, diretor da Cia do Ator Cômico, acrescenta que essas companhias juntas passam a fortificar a atitude de grupos como entidades.

Dentro dessa perspectiva de trabalho de grupo Cristóvão de Oliveira, diretor da Alameda Cia Teatral, ressalta que a produção de grupo está mais ligada a uma linguagem do que apenas a produção de um espetáculo. E que segundo Rodrigo Ferrarini, ator da Pausa Companhia, dentro da classe existem alguns pensamentos artísticos que se cruzam muito bem e que proporcionam esse tipo de iniciativa. “A gente unido é capaz de conquistas que sozinho não é capaz”, diz Rodrigo.

Acompanhe, a seguir, detalhes da programação completa:

10h – Café com companhia (s)

10h30 – Conversa com Dorberto Carvalho (SP) – Políticas Culturais

13h – Almoço

Primeiro bloco – 14h

Companhia Brasileira de Teatro
Leitura de Escritos sobre Teatro do autor Jean-Luc Lagarce, extraídos do livro Do Luxo e da Impotência;
CiaSenhas de Teatro
Mostra de processo: Narrativas Urbanas – Interferências e Contaminações;
Vigor Mortis
Leitura dramática: O Beijo No Meio da Noite, texto clássico do Thêátre du Grand Guignol, escrito por Maurice Level em 1912.

15h30 – Café com companhia(s)

Segundo Bloco – 16h

Companhia Provisória
Demonstração de trabalho;
ACT
Cenas espetáculo Henfil Já!
Obragem Teatro e Cia
Mostra de processo: cena – Mão Dupla
Pausa Companhia
Leitura Dramática
Companhia Silenciosa
Performance Solo de Giórgia Conceição

17h40 – café com companhia (s)

Terceiro Bloco – 18h

Alameda Cia. Teatral
Demonstração técnica de trabalho: A Poética do Treinamento;
Ator Cômico
Demonstração de Técnicas de Improvisação;
Companhia Silenciosa
Performance Solo Léo Glück Live In Moscow;
Antropofocus™
Cenas de Contos Proibidos de Antropofocus™;
A Armadilha
Cena – Mais Que As Palavras, inspirada num trecho do livro "Extremamente Alto & Incrivelmente Perto" de Jonathan Safran Foer.
20h – Café/jantar com companhia(s)

21h – A Viagem – Espetáculo Sensorial em que cada espectador é conduzido por um ator. Uma livre adaptação do espetáculo “Viagem em terra interior”, criação de Léa Dant, (com a participação de integrantes de todos os grupos que compõem o Movimento)*

*Podem acontecer duas sessões!

22h – Encerramento

No local haverá área de alimentação!

1º Movimento de Teatro de Grupo
ACT – Ateliê de Criação Teatral
A Armadilha Cia de Teatro
Alameda Cia Teatral
Antropofocus™
Ator Cômico
CiaSenhas de Teatro
Companhia Brasileira de Teatro
Companhia Provisória
Companhia Silenciosa
Obragem Teatro e Cia
Pausa Companhia
Vigor Mortis

Serviço:
1° Movimento de Teatro de Grupo
Dia 09 de agosto, das 10h às 22h.
Local: ACT – Ateliê de Criação Teatral (Rua Paulo Graeser Sobrinho, 305).
Informações: 3338-0450 http://movimentodeteatrodegrupo.blogspot.com/
Entrada: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia entrada)


Conversa-Show sobre a música independente - Paraná

Kátia Drumond – Natural do Rio de Janeiro, formou-se na Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, bacharel em Comunicação Social, Jornalismo - Universidade Federal do Paraná – UFPR (1988). Cantora, compositora e diretora artística da banda MUV (Movimento Uniformemente Variado) desde 1999. Foi produtora executiva do álbum: “Kátia Drumond e Ricardo Verocai com MUV: Os Movimentos”, lançado em maio de 2008. Participou de shows de abertura dos artistas: Gilberto Gil, Yossu N’adur, Jimmy Cliff, Gal Costa, João Bosco, Chico Csiense, Carlinhos Brown, Andrew Tosh, Gabriel Pensador, Tribo de Jah, Natiruts, O Rappa e outros.

Ricardo Verocai - Fez piano clássico, ainda muito jovem estudou com Helvius Villela e Luiz Eça. Atuou em bandas no Rio de Janeiro e conheceu vários estilos da música como: samba, funk, soul, MPB, salsa, blues, jazz, rock entre outros. Fundou em 1998 a banda MUV - Movimento Uniformemente Variado (afro beat - RJ) onde atua como tecladista, compositor, diretor musical e arranjador. Foi produtor musical do álbum: “Kátia Drumond e Ricardo Verocai com MUV: Os Movimentos”. Foi produtor musical dos CDs independentes de Jahir Eleutério (Curitiba), MUV (RJ), Monte Zion (RJ - faixas com participação de Pato Banton e Andrew Tosh) e Freud Flintstone (Curitiba). Gravou nos CDs das bandas: Rio Reggae, Onda-R, Vell Rangel, Seda Fina, Monte Zion (RJ) e Djambi (Curitiba).





Exibição de curta e Lançamento de Livro/DVD - Paraná

PROCESSO multiartes / PROCESSO filmes convida:

Lançamento do LIVRO/DVD

[CANCHA 2] - cantigas para perverter juvenis
25 contos curtos de Adriano Esturilho + um DVD em anexo, com 10 curta-metragens adaptados de contos do livro
(ou vice-versa).

curtas de Bia Dantas, Bruno de Oliveira, Fábio Allon, Eduardo Baggio, Henrique Faria, Rodrigo Belato, Sérgio Velloso e do autor.

terça-feira (12/8) a partir das 18h na Biblioteca Pública do Paraná em Curitiba.

às 19h - exibição dos curtas - entrada franca.

te esperamos!

Bonecos em Cena - Bahia


Olá!
Convido a todos a apreciar a arte de dar ânima, alma ao inanimado no dia 14 de agosto. Endereço e local está em anexo no convite!
Aguardo tua presença!
Aline Busatto
Bonequeira e Curadora do evento
(71) 9995 3932

II e o III Encontro de Cenas Curtas - São Paulo

http://www.cooperativadeteatro.com.br/newsDetails.do?id=507


As inscrições para o II Encontro de Cenas Curtas vão apenas até o dia 13 de agosto.

Os grupos de teatro de animação da Cooperativa Paulista de Teatro realizarão o II e o III Encontro de Cenas Curtas, que acontecerão nos meses de agosto e setembro na biblioteca Monteiro Lobato.

Os eventos têm o apoio do Centro de Estudos e Práticas do Teatro de Animação e contarão com regras diferentes daquelas que nortearam o primeiro encontro. Serão escolhidos apenas seis grupos de teatro de animação, que terão um tempo maior para a exposição de seus trabalhos.

A idéia é ampliar o espaço para debates a respeito dos processos de criação e das técnicas utilizadas pelas companhias.

Os grupos interessados deverão confirmar presença:

Agosto - II Encontro Cenas Curtas - Dia 22/8
Inscrições até o dia 13/8
A/C: Jorge Gonzaga: gimbo@terra.com.br

Setembro - III Encontro de Cenas Curtas – Dia 26/09
Inscrições até o dia 10/9
A/C: Luiz Calvo: calvomelo@gmail.com

domingo, 3 de agosto de 2008

Cia. Bonecos Urbanos organiza Exposição Virtual

O Portal Cultura Infância, com a colaboração da Cia. Bonecos Urbanos está organizando a exposição virtual:

"Teatro de Animação – A Alma do Inanimado"


Os interessados em disponibilizar suas imagens profissionais para o Portal, podem enviar até dia 25 de setembro de 2008, uma ou duas fotos de espetáculos em 300 dpi, para o email rufelou@gmail.com, aos cuidados de Rubinho Louzada, com as seguintes informações: nome do espetáculo, técnica, ano, companhia, direção, nome dos atores/manipuladores e nome do fotógrafo. Caso as imagens tenham mais de um artista, é gentileza nomear todos.

Para conhecer um pouco mais, acesse www.culturainfancia.com.br e para visitar as exposições já existentes dentro do portal clique em MOSAICO e EXPOSIÇÕES.

Editor do Portal: Gabriel Guimard
Colaboração: Rubinho Louzada – Cia. Bonecos Urbanos

Ass e-mail

sábado, 2 de agosto de 2008

Entrevista com Juca Ferreira


"Não se muda uma lei baseado só na vontade"

Novo ministro da Cultura diz que falta de unidade nas propostas retardou envio ao Congresso do projeto de mudanças na Lei Rouanet, o que fará assim que tomar posse; ele cobra mais verbas do governo: "Política pública tem que ter orçamento"


MINISTRO INTERINO da Cultura, no entanto seguro de ser efetivado no cargo pelo presidente Lula neste mês, Juca Ferreira planeja sua primeira ação após a posse: o envio ao Congresso Nacional de projeto de lei que reformula o sistema de financiamento à cultura. O projeto significa a concretização da reforma da Lei Rouanet -prometida desde a campanha de Lula às eleições de 2002-, além de prever o aumento de verbas federais para o Ministério da Cultura (a 2% do orçamento da União) e a instituição de um fundo de recursos sem amarras, que o MinC possa aplicar no fomento à produção artística no país.
Em entrevista ontem, Ferreira falou sobre a dificuldade em efetivar o projeto e apontou a TV como "o fato cultural mais importante do Brasil".

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

FOLHA - Qual será a marca de sua gestão?

JUCA FERREIRA - O alargamento do diálogo, a tentativa de pactuar com a área artística e cultural, em torno do projeto do ministério. Assim que eu assumir definitivamente, vou abrir o diálogo. E tratar com muito carinho as artes nas quais a gente menos avançou; fortalecer a Funarte, dar-lhe recursos para que não precise ficar dependendo da sensibilidade das empresas para financiarem as ações. Política pública tem que ter orçamento.

FOLHA - A estratégia de "alargar o diálogo" a que o sr. se refere não traz ao MinC imobilismo, como no caso da prometida e irrealizada mudança na Lei Rouanet?
FERREIRA
- Não é verdade. Você não muda uma lei apenas baseado na vontade. Defendemos que imposto devido é dinheiro público. É da norma, da doutrina da nossa Constituição que dinheiro público tem que ter justificativa para ser usado. O que nos dificultou é que não havia uma unidade a respeito das mudanças. Então, se fizéssemos uma mudança de maneira unilateral, não seríamos bem-sucedidos. Se estamos dizendo o tempo inteiro que política pública precisa de orçamento para se realizar, precisamos do compromisso da área econômica do governo para nos dar orçamento capaz de dar atendimento à gama do universo da cultura. Estamos fazendo essa construção há cinco anos. Não é muito tempo. Mas compartilho dessa ansiedade. Gostaria de apressar os processos. Isso faz parte da minha personalidade, mas só podemos apressar até o ponto em que isso não gere mais desconstrução do que resultado positivo.

FOLHA - O último prazo que o sr. divulgou para o envio do projeto ao Congresso é a próxima segunda-feira. Ele será cumprido?
FERREIRA
- Com esse tumulto [da sucessão], prefiro começar esse debate público um dia depois de eu assumir o ministério na plenitude.

FOLHA - Quer dizer que o sr. envia o projeto ao Congresso no dia seguinte à posse?
FERREIRA
- Sim. Quem sabe se não fará parte do meu discurso de posse? Mas como o discurso de posse não pode ser muito prolongado, eu diria um dia depois.

FOLHA - O projeto prevê que o ministério tenha orçamento maior e mais autonomia para aplicá-lo em políticas públicas. Não é uma brecha para novas acusações de "dirigismo cultural", já enfrentadas pelo Ministério da Cultura no passado?
FERREIRA
- Cada dia se fala menos nisso [dirigismo cultural]. Não seria falta de modéstia eu dizer que fomos exemplares na compreensão de que não cabe ao Estado dirigir a criatividade nem a produção cultural nem fazer censura. Não há um deslize sequer do ministério, por uma simples razão: porque não somos estatistas, não somos dirigistas. O que estamos construindo é uma política de Estado, ou seja, disponibilizar meios e condições para o desenvolvimento da atividade criativa e da fruição cultural para todos os brasileiros.

FOLHA - O projeto da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), acusado de tentar regular o conteúdo das TVs, não foi um deslize?
FERREIRA
- Não foi. A Ancinav é um fantasma que ronda nosso ministério. Em algum momento, vou ter que exorcizá-lo, nem que seja chamando uma mãe-de-santo da Bahia. O que queríamos era regular a atividade econômica. Tenho certeza de que, hoje, muitos dos que foram contra [a Ancinav] concordam que, se nós não regularmos a atividade audiovisual no Brasil, de forma que permita a pluralidade, a concorrência, a associação da cadeia criativa com a cadeia produtiva, que garanta o direito autoral com o direito empresarial, a proteção do mercado brasileiro diante da ação predatória do capital internacional que tenta o monopólio, o que vai acontecer é que as empresas brasileiras vão sucumbir diante da pressão, porque o desenvolvimento tecnológico permite que uma pessoa numa saleta em Nova York projete em todo o Brasil conteúdos audiovisuais.

FOLHA - O episódio da Ancinav demonstrou que é grande o poder de mobilização do setor audiovisual. De que interlocutor o sr. espera mais resistência?
FERREIRA
- Quero ouvir todos, dialogar com todos. Sou dos que acham que a TV é o fato cultural mais importante no Brasil e no mundo. É o que tem mais acesso, o que forma mais opinião, interfere mais na sensibilidade, na construção da subjetividade. Agora, a TV está deixando de ser TV. Dentro de poucos anos, com a convergência tecnológica, TV, telefone e computador vão ser a mesma coisa. Vamos lidar com um fenômeno novo, que é a disponibilização de conteúdos, quando quem faz a programação é o espectador em casa. A tendência é a ampliação [da TV] ao nível de onipresença, porque inclusive em deslocamento você terá acesso a esses conteúdos. Então, acho que esse é o diálogo principal. Desde que cheguei aqui, tentei sensibilizar o ministério para o fato de que o cinema é estratégico, mas o cinema tem que se associar à televisão. Ela hoje é o suporte, sob o ponto de vista cultural, mais importante. Esse diálogo TV-telefone-internet já está na rua, independentemente da vontade minha ou de quem quer que seja. Acredito na força dos fatos. Eles nos levarão a buscar um projeto grandioso para o audiovisual brasileiro, inclusive para uma legislação satisfatória, que possibilite ao Brasil ser um grande produtor [de audiovisual].

FOLHA - O sr. disse que era o executor e o ministro Gil, o líder do Ministério da Cultura. Agora terá de trocar de papel?
FERREIRA
- Claro. Eu já venho fazendo os dois [papéis]. O que facilita a minha vida é que a transição foi muito suave. A insistência do presidente e dos artistas para que Gil continuasse permitiu que esse processo, que alguns viram como negativo, talvez tenha sido a transição mais natural e orgânica que já tivemos. Eu diria que foi uma transição baiana, uma transição Dorival Caymmi. Eu já faço isso [os dois papéis]. Faço a representação do ministério junto aos ministros do Mercosul e da América Latina. Representando o Brasil, já estive na África, na China.

FOLHA - Qual é a sua proporção nos méritos e nos erros das duas gestões de Gil no Ministério da Cultura
FERREIRA
- O ministro Gilberto Gil teve grandeza enorme, primeiro em disponibilizar seu capital político para a construção dessa dimensão para o Brasil que é o desenvolvimento cultural. Ele foi de uma dedicação monstruosa. Houve um fato anedótico aqui, quando um dos deputados que investigam o Executivo mandou pedir a agenda de Gil. Ele achou que havia um erro, porque Gil estava freqüentemente em três Estados por dia. Ele se dedicou intensamente a fazer o que chamou de do-in antropológico, a construir uma rede de interlocução, e assumiu todas as dificuldades nos debates que precisaram ser feitos para que avançássemos. Internamente, ele nos tratava como companheiro de trabalho. Dissolvemos o deslumbramento com a presença de um artista da grandeza dele. A qualquer um que você perguntar [isso, aqui], se sentirá responsável pelos sucessos e pelos fracassos do MinC. Não há setores feudalizados aqui dentro. Construímos uma nova filosofia administrativa e gerencial. Foi Gil que liderou isso.