quarta-feira, 14 de março de 2012

terça-feira, 13 de março de 2012

A CARICATURA MINIMALISTA DE STANLEY CHOW


Stanley Chow é um artista inglês que faz ilustrações caricaturais de diversos personagens e personalidades de uma maneira pouco usual, não se utilizando do exagero das formas. Os desenhos de Chow são minimalistas, mas não deixam de ser caricatura por isso. Os poucos traços e a paleta de cores vivas são marcantes na obra de um artista que dá prioridade à plasticidade da simplificação.

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© Stanley Chow, "U2".
A palavra caricatura tem origem do idioma italiano caricare, cujo significado é aumentar as proporções. A caricatura está intimamente ligada com o exagero. Um desenho de uma pessoa feito de forma irreal - distorcendo determinadas características físicas - é um desenho caricato. Um artista que está se destacando no meio da arte da caricatura, no entanto, vai pelo caminho oposto. Stanley Chow é um artista inglês responsável por diversas caricaturas que não buscam exagerar fisicamente o objeto artístico. Chow prima pela contenção, por menos traços, pelo minimalismo.
A caricatura de Stanley Chow é paradoxal. Por ser caricatura e não objetivar pelo exagero pode até ser considerada apenas uma ilustração e não um desenho caricato. Assim, é possível refletir sobre a maneira de catalogar um artista e uma obra. Chow subverte o significado da caricatura ao não apresentar uma de suas características mais fortes, mas não significa que suas ilustrações não podem ser consideradas como tal.
Outra importante característica da caricatura é o humor - não necessariamente o deboche. Seja por exagerar nos traços de uma pessoa ou não - como é o caso de Stanley Chow -, a caricatura busca fugir um pouco da simples ilustração da realidade para encontrar graça. Dessa forma, as obras de Stanley Chow podem ser enquadradas dentro da arte da caricatura. Chow não procura o deboche através de suas obras, mas retrata fora da realidade uma personalidade de uma maneira bem humorada.
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© Stanley Chow, "Bond".
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© Stanley Chow, "Bowie Ziggy".
Entre as obras do artista se destacam as múltiplas faces do personagem James Bond no cinema e a clássica imagem de David Bowie da capa do álbum Aladdin Sane de 1973, revisitada pelo artista de uma maneira extremamente colorida. A cor, por sinal, é um componente marcante nas obras do artista inglês, na maioria das vezes bastante vivas. E mesmo quando escolhe tonalidades mais escuras - como na caricatura do grupo U2 - as diferentes tonalidades não deixam a caricatura fugir da assinatura de Chow.

Personagens de filmes, de séries de televisão, celebridades, músicos, todas as personalidade que serviram de inspiração para Chow são retratadas de maneira bastante peculiar. O traço contido de Stanley Chow nunca deixa de ser caricatural, modificando a noção de exagero ao colocá-lo apenas como um meio a ser usado ou não. O exagero não é a finalidade - pelo menos não na obra de Stanley Chow.
Veja mais imagens na página do artista.
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© Stanley Chow, "Lost in Translation".
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© Stanley Chow, "Bat Hamm + Super Hamm".
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© Stanley Chow, "Taxi Driver".
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© Stanley Chow, "Walter White Breaking Bad".

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segunda-feira, 12 de março de 2012

AS LINHAS SENSUAIS DE GABRIEL MORENO


Gabriel Moreno (1973) descreve-se como criativo, teimoso, apaixonado, exigente e doido. Numa folha, numa fachada, ou mesmo na pele, podem nascer rostos, flores e pássaros que, de forma orgânica, se sobrepõem e expandem para além das ondulantes linhas, ganhando vida própria fora das ilustrações.

Gabriel Moreno ilustracao
A beleza - em todas as suas formas - é a sua maior paixão e inspiração: é a beleza das pequenas coisas que o move a pensar, sentir e fazer o que faz. Apesar da sua formação, diz-se um auto-didacta.
O espanhol Gabriel Moreno (1973) lembra-se de ter sentido, desde sempre, paixão pelas linhas, pela luz e pelos lápis, e recorda que um dos dias mais felizes da sua vida foi quando descobriu que podia estudar Belas Artes, em Sevilha, e passar o dia inteiro a desenhar, sem ser expulso das aulas por isso.
Em 2007, fez chegar a algumas agências de publicidade o seu portfolio como ilustrador. Nesse mesmo mês, a revista Computer Arts apresentava-o como um dos 20 novos talentos da ilustração. Um ano depois, tinha já trabalhado em importantes campanhas de algumas das maiores agências de publicidade do mundo, como a BBDO e a Young & Rubricam.
Apreciador confesso do expressionismo – movimento para o qual a obra de arte é reflexo directo do mundo interior do artista – assume-se, também, um admirador de Egon Schiele, do uso da cor e das linhas de Robert Motherwell e do talento de ilustradores como Berto Martinez, Hope Gangloff ou Eva Solano.
Gabriel Moreno ilustracao
Assim que começa a desenhar, nada é definitivo e é sempre aberto a mudanças. Gosta de trabalhar grandes formatos, ainda que o produto final tenha fins editorais. Fascina-o a ideia de que qualquer uma das suas ilustrações pode ser impressa numa revista, ou ir parar a um enorme cartaz, sem perder nenhum dos seus detalhes.
O seu trabalho pode começar numa simples premissa: um gesto, a forma de uma boca, algo que o desperta na rua, ou o simples cruzar de pernas da sua mulher. A partir daí, a sensualidade e expressividade das linhas misturam-se, fundem-se em intersecções, dando origem a uma nova figura, e depois outra, um homem, uma mulher, um pássaro, um pássaro-homem: as possibilidades são ilimitadas e imprevisíveis. A essência e detalhes das suas obras poderão escapar ao olhar mais desatento: há que saboreá-las, demoradamente, com olhos de ver.
Não pretende parar por aqui: nos seus planos estão a escultura, a moda, a animação e as curtas-metragens. “Criar é a minha vida e por isso é tão fácil, para mim, colocar o meu coração no que faço” – confessa. A todos aqueles que aspiram ser artistas, deixa um conselho: “Tudo é possível”.
Gabriel Moreno ilustracao
Gabriel Moreno ilustracao
Gabriel Moreno ilustracao

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Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2011/07/as_linhas_sensuais_de_gabriel_moreno.html#ixzz1oyPQTOOq

GARBO: A DAMA MISTERIOSA



Pouco se sabe sobre ela, uma das verdades é que foi uma das mulheres mais fascinantes do século XX. Afinal, quem era Greta Garbo? Embarque agora numa viagem pela vida da dama mais misteriosa do cinema.

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A mulher mais misteriosa do século se chamava na verdade Greta Lovisa Gustafson, nascida em Estocolmo - capital do Reino da Suécia - em 18 de setembro de 1905. Vinda de uma família pobre, ela era a caçula de dois irmãos. Começou a trabalhar muito cedo, aos 14 anos, e por consequência teve de abandonar os estudos. A carreira artística nasceu quando Greta começou a fazer pequenos filmes publicitários para as lojas de Estocolmo. Aos poucos, ela começou a se destacar e chamar atenção do público. Em um comercial de padaria Greta conseguiu ser engraçada e se fazer notar. Ironicamente, aquela que viria a ser uma das maiores atrizes dramáticas do cinema, deu seus primeiros passos como comediante.
Após conseguir uma bolsa de estudos na Academia Real de Teatro Dramático, onde estudou por dois anos, Greta foi descoberta pelo diretor finlandês Mauritz Stiller, que passou a ser um grande entusiasta da jovem Greta. Os dois fizeram um único filme juntos A Saga de Gösta Berling (Gösta Berlings Saga; 1924), onde ela desabrochou seu talento e dava sinais da grande atriz que viria se tornar. Em consequência do sucesso do filme, Greta e Stiller foram contratos pelo chefão da MGM Louis B. Mayer, que ficara encantado com a performance da atriz em A Saga de Gösta Berling. Nesse momento nasceu aquela que todo o mundo conheceria com o nome de Greta Garbo.
Ao chegar em Hollywood, o sucesso não foi imediato. Garbo ainda não era a mulher belíssima imortalizada nas telas de cinema. Como quase toda atriz na antiga Hollywood, Garbo passou por uma transformação, teve de perder peso, seus dentes foram corrigidos, fez algumas cirurgias plásticas e seus cabelos loiros foram escurecidos. Realmente, ela aparece loira em poucos filmes, parece que as loiras ainda não faziam tanto sucesso em Hollywood naquela época. Mas, seu grande desafio era a língua, ela ainda não falava inglês e o forte sotaque sueco era um enorme incômodo. Com o tempo ela se tornou fluente na língua, e seu inglês parecia mais com o britânico com acento charmoso.
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O primeiro sucesso foi em Laranjais em Flor (The Torrent; 1926) onde ela provou que viria a ser a maior estrela do cinema mudo da década. Aclamada pela crítica e amada pelo público, o sucesso prosseguiu em filmes como A Carne e o Diabo (Flash And The Devil; 1926), Anna Karenina (Love; 1927) e O Beijo (The Kiss; 1929). Seu último filme mudo. EmA Carne e o Diabo, Garbo contracenou com John Gilbert, um dos maiores astros do cinema mudo e par romântico de Garbo em vários filmes. Os dois iniciaram um tórrido relacionamento amoroso, de idas e vindas, Gilbert a pediu em casamento, mas Garbo o abandonou poucos meses antes da cerimônia, deixando Gilbert totalmente desolado.
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A essa altura, Garbo já era a maior estrela de cinema da época e a mulher mais bela e desejada do mundo. Sua carreira foi posta a prova quando os filmes mudos foram substituídos pelos falados. Todos se perguntaram, como seria sua voz? Será que ela falava inglês? Sim e sim. Garbo brilhou em seu primeiro filme falado Anna Christie de 1930, um sucesso de público e crítica que a tornou uma estrela do cinema falado e lhe garantiu uma nomeação ao Oscar de melhor atriz - a primeira de muitas. Outros monstros do cinema mudo não tiveram a mesma sorte, vários sucumbiram ao ostracismo e a morte. Incluindo John Gilbert, cujo grande amor da vida foi Garbo.
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Poucas vezes na história do cinema se viu uma atriz como Garbo. Seu estilo a fazia única dentre todas as grandes estrelas da época. Seu beleza estonteante, aliada um poderoso magnetismo pessoal e a eterna aura de mistério que permeava sua imagem, deslumbrava o público que ficava entorpecido com a arte daquela mulher incrível. Garbo se comunicava com a platéia através do rosto e de sua expressão facial, seu olhar era fulminante e exprimia todas as emoções possíveis. A expressão facial era de suma importância na era do cinema mudo pois com a ausência de som, os atores precisavam fluir os sentimentos através dos gestos e expressões faciais, mas a interpretação de Garbo era algo inacreditável, inalcançável. Garbo elevava a arte dramática ao máximo, ela exprimia tudo o que é o cinema de verdade. Ela era a dama misteriosa, igual ao título de seu filme de 1928.
Em 1929, o famoso fotógrafo Edward Steichen fotografou Garbo para a revista Vanity Fair. A foto de Garbo apoiando as mãos na cabeça se tornou legendária. Extensamente copiada, ela parece refletir um profundo desespero interior da atriz, ao passo que o medo e o terror transpassam a profundidade da própria fotografia.
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Ao longo dos anos 30 Garbo manteve-se como uma das maiores estrelas do cinema da época. Filmes como Mata Hari (1931), Grande Hotel (Grand Hotel; 1932), Rainha Cristina (Queen Christina; 1933), Anna Karenina (1935), A Dama Das Camélias (Camille; 1937) e Ninotchka (1939), alimentavam sua fama, seu sucesso e o mito de uma grande diva.Grande Hotel foi um dos maiores êxitos de Garbo, considerado o primeiro filme all-star do cinema, por juntar muitos astros em uma mesma produção. Nele, ela interpreta a melancólica bailarina Grusinskaya que fala a frase que marcaria Garbo pelo resto de sua vida: "I want to be alone" (Eu quero ficar sozinha). O sucesso foi incontestável e Grande Hotel obteve o Oscar de melhor filme em 1932.
Sem dúvidas, A Dama Das Camélicas foi o maior sucesso de sua carreira. Baseado no romance de Alexandre Dumas Filho, Marguerite Gautier foi o personagem da vida de Garbo. A interpretação dela para a cortesã que se apaixona por Armand Duval (Robert Taylor) e vive um amor impossível até as últimas consequências é emocionante, e o resultado não podia ser outro se não um sucesso avassalador. Apesar de ser um romance tão melancólico, Garbo esta especialmente diferente nesse filme, ela adiciona um pouco mais de ternura e ironia a história triste de Marguerite Gautier.
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A aposentadoria de Garbo prematuramente do cinema aos 36 anos é um mistério até hoje. Muito se falou sobre o que teria influenciado a atriz a abandonar o cinema. A idade, a 2ª Guerra Mundial, o declínio da carreira e sua vida privada foram ditas como possíveis rasões para a atitude de Garbo. O fato é que após o fracasso da comédia Duas Vezes Meu (Two-Faced Woman; 1941) dirigida por George Cukor, Garbo simplesmente resolveu dar um tempo na carreira - um tempo que durou mais de 50 anos. Durante muito tempo acreditou-se que Duas Vezes Meu fosse o responsável pelo fim da carreira da atriz, apesar de muitos já terem dito que essa afirmação é pretensiosa, porque apesar de Garbo ter ficado profundamente abalada com o insucesso do filme, isso não seria o bastante para fazê-la desistir da carreira de atriz.
A verdade é que ninguém sabia muito bem o que estava acontecendo com Garbo, dizia-se que ela voltaria a filmar depois que a guerra termina-se, e ela continuava contratada da MGM. O prazo para a volta da atriz as telas foi sendo adiado cada vez mais ao mesmo tempo que as especulações cresciam. Como Garbo não anunciava definitivamente o fim da carreira, ao longo das décadas de 40 e 50 choviam notícias de uma volta as telas, algumas verdadeiras mas a maioria falsas. Ela recebia inúmeras propostas e convites de produtores para um retorno as telas, um dos que mais a interessou foi A Duquesa de Langeais, de 1949, baseado no romance homônimo de Honoré de Balzac, que deveria ser dirigido por Walter Wanger. Garbo realmente quis interpretar esse papel, mas na última hora a produção acabou se tornando impossível devido ao estouro de orçamento.
Muitas vezes, o insucesso dos projetos devia-se a indecisão de Garbo em escolher um roteiro ou a incompetência dos seus agentes, de fato sempre havia um obstáculo a sua volta ao cinema. Poucas estrelas se mantém no topo por mais de 10 anos e Garbo esteve lá por pelo menos 15, artistas que gozam da popularidade que ela possuía raramente são esquecidos, como se vê, não foi mesmo o caso de Garbo. Mas, a medida que o tempo passava, todos já sabiam que ela nunca voltaria as telas novamente. Garbo já tinha se tornado um mito maior do que ela mesma. Embora muitos achem que pelo lado profissional o melhor foi ter posto fim a carreira ainda jovem, por outro lado Garbo acabou privando o mundo de sua grande arte, e se tornando refém do próprio mito. Abandonar sua carreira foi uma perda irreparável para o cinema.
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Garbo nunca se casou, sempre recusou ou declinou a todos as inúmeras propostas de casamento. Garbo nunca ganhou um Oscar, mesmo tendo sido indicada várias vezes. Recebeu somente um Oscar especial dedicado ao conjunto de sua obra, em 1954, e como já era de costume não compareceu a cerimônia. Garbo viveu o resto de sua vida reclusa em seu gigantesco apartamento na East Side, rua 52, nº 450, em Nova York. Evitando qualquer tipo de contato com a imprensa e fotógrafos, que Garbo detestava. A sueca mais famosa do cinema faleceu na manhã do dia 15 de abril de 1990, aos 84 anos.
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Um dos maiores mitos do século XX, nunca saberemos ao certo quem foi Greta Garbo. A dama misteriosa, sempre envolta numa névoa de fascínio, falou muito pouco ao longo da carreira. Não gostava de dar entrevistas, sequer autógrafos. Preferia se manter distante. Garbo é a personalização da diva inalcançável. Parece que nunca envelheceu, assim como os astros que morrem jovens e conservam sua imagem no tempo, Garbo também parou no tempo. Bela, jovem e talentosa. A ela, o poeta Mario Quintana dedicou dois versos.
Dois versos para Greta Garbo
"O teu sorriso é imemorial como as Pirâmides
E puro como a flor que abriu na manhã de hoje…"
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